Conheça os Mórmons

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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Rasgar o Véu da Descrença.

                       

Élder Jeffrey R. Holland Do Quórum dos Doze Apóstolos


Se pedisse-se a alguns leitores do Livro de Mórmon não muito sérios que nomeassem a figura principal do livro, as repostas sem dúvida variariam muito. Pois não é provável que qualquer registro que relate uma história de mais de mil anos, incluindo tantas pessoas, tenha um personagem que ao longo de tanto tempo se destaque como figura principal de tal história.
Não obstante esta limitação, alguns podem talvez relacionar qualquer dos personagens preferidos ou mais memoráveis, tais como Mórmon, que condensou o livro e cujo nome aparece na capa, ou Néfi, o profeta jovem e muito reconhecido do início do livro, ou Alma a que se dedicou tantas páginas do livro, ou Morôni, o capitão corajoso que levantou o estandarte da liberdade, ou seu xará que concluiu o livro e entregou-o mil e quatrocentos anos depois ao jovem Joseph Smith. Estes, sem dúvida, estariam entre as pessoas mais mencionadas.


Todas estas repostas são interessantes mas também são decididamente erradas. A figura principal e mais influente do Livro de Mórmon, do começo ao fim, é o Senhor Jesus Cristo, de quem o livro é verdadeiramente “outra testemunha.” Desde a primeira página, a página de rosto, até a última declaração do texto, este testamento revela, mostra, examina e destaca a missão divina de Jesus Cristo conforme constam os relatos sagrados de duas dispensações do Novo Mundo, relatos estes escritos para o nosso bem na terceira dispensação do Novo Mundo, a última e maior de todas as dispensações, a dispensação da plenitude dos tempos. Este registro sagrado, escrito por profetas e conservado por anjos, foi escrito com um propósito crucial, fundamental, eterno e essencial: “para convencer o judeu e o gentio de que Jesus é o Cristo, o Deus Eterno, manisfestando-se a todas as nações” (página de rosto do Livro de Mómon).


Numa visão notável registrada no início do Livro de Mórmon, o profeta jovem, Néfi, prevê a preparção e distribuição mais tarde da Bíblia Sagrada, “um registro dos judeus que contém os convênios do Senhor que Ele fez com a casa de Israel” (1 Néfi 13:23). Mas, de modo alarmante, ele também prevê o abuso e decimação doutrinária do livro ao passar por muitas épocas e muitas mãos.
Profetizou-se na sua visão que o registro bíblico seria clara e sem mancha no meridiano dos tempos, que no começo “continha a plenitude do evangelho do Senhor” e que provinham tanto o Velho como o Novo Testamento “na sua pureza do judeu ao gentio” (1 Néfi 13:24-25)
Mas ao longo dos tempos, tanto por erro inocente como por malícia proposital, muitos convênios e doutrinas, especialmente os que enfatizavam os elementos referentes aos convênios “do Evangelho do Cordeiro,” foram perdidos, e às vezes simplesmente expungidos, de propósito, “do livro do Cordeiro de Deus” (1 Néfi 13:26, 28). Infelizmente, estas partes perdidas eram “claras e preciosas” (1 Néfi 13:28), claras, supomos, na sua simplicidade, poder e facilidade de ser entendidas e com certeza preciosas devido ao seu valor profundo, a seu significado evangélico e a sua importância eterna. Seja qual for o motivo da perda destas verdades do relato bíblico, aquela perda resultou na “perversão dos caminhos retos do Senhor. . . cegando os olhos e endurecendo o coração dos filhos dos homens” (1 Néfi 13:27). Em uma subestima lamentável, ele declara que “um grande número tropeça” (1 Néfi 13:29). Mulheres e homens honestos têm menos informações sobre as verdades do evangelho e estão menos seguros na salvação de Cristo do que merecem por causa da perda de verdades importantes do cânon bíblico que possuímos na atualidade (vide 1 Néfi 13:21-29).


Mas no Seu amor e conhecimento prévio, o grande Jeová, o Cristo pré-mortal, prometeu a Néfi e a todos aqueles que receberam o registro de Néfi que “depois que os gentios tropeçarem muito por causa das partes claras e preciosas do evangelho do Cordeiro, as quais foram retidas por aquela igreja abominável que é a mãe das meretrizes, diz o Cordeiro-serei misericordioso para com os gentios, naquele dia, tanto que lhes trarei pelo meu próprio poder muito do meu evangelho, que será claro e precioso, diz o Cordeiro.


“Pois eis que, diz o Cordeiro: Eu me manifestarei a tua semente, de modo que ela escreverá muitas coisas que lhe ensinarei, as quais seráo claras e preciosas. . . 
.
E nelas será escrito o meu evangelho, diz o Cordeiro, e minha rocha e minha salvação” (1 Néfi 13:34-36).


Este registro prometido, agora conhecido pelo mundo como o Livro de Mórmon, junto a “outros livros” que agora existem devido ao poder revelatório do Cordeiro, “divulgarão as coisas claras e preciosas que foram suprimidas [da Bíblia], e mostrarão a todas as tribos, línguas e povos que o Cordeiro de Deus é o Filho do Pai Eterno e o Salvador do mundo, e que todos os homens devem vir a ele, pois do contrário não poderão ser salvos.
“E deverão vir de acordo com as palavras proferidas pela boca do Cordeiro; e as palavras do Cordeiro tornar-se-ão conhecidas nos registros de tua semente, assim como nos registros dos doze apóstolos dos Cordeiro; portanto ambos serão reunidos num só; porque há um Deus e um Pastor sobre toda a Terra” (1 Néfi 13: 39-41).
Certamente as mais claras e preciosas de todas as verdades perdidas da Bíblia, principalmente do Velho Testamento, são as declarações extensivas, inequívocas e claras referentes à vinda de Cristo e aos elementos essenciais e eternos dos convênios de seu evangelho que têm sido ensinados em todas as dispensações a partir de Adão. Portanto o mais alto e mais sagrado propósito do Livro de Mómon é restaurar à semente de Abraão a mensagem crucial que declara a divindade de Cristo, convencendo a todos que lerem suas páginas “com coração sincero e com real intenção” de que Jesus é o Cristo (Morôni 10:4).
O fato de oitenta por cento deste registro ter passado antes do nascimento de Cristo, o fato do registro tratar-se de um povo que de outra maneira seria desconhecido, o fato do livro revelar observações inspiradoras e doutrinas profundas acerca de Jesus que não se encontram em outro lugar no cânon bíblico (nem em todo o mundo cristão) e o fato do Livro de Mórmon afirmar a veracidade e divindade da Bíblia, desde que seja correta a sua tradução, são somente alguns dos motivos pelos quais o livro deve ser considerado o texto religioso mais importante e notável produzido desde a compilação dos evangelhos do Novo Testamento, há quase dois milênios. De fato, levando em conta a perda das coisas claras e preciosas do Novo Testamento, bem como o Velho Testamento, pode-se dizer que ao restaurar as verdades bíblicas antigas e ao restaurar dezenas de verdades novas sobre o Filho Unigênito do Deus Vivente de todos nós, o Livro de Mórmon e a Bíblia juntos formam a escritura religiosa mais notável e mais importante já concedida ao mundo em qualquer época.


O Livro de Mórmon tem muitos propósitos e contém muitos princípios verdadeiros e motivadores mas um dos propósitos transcende aos outros em grau e espécie. Este propósito é o de “convencer o judeu e o gentio de que Jesus é o Cristo” (página de rosto do Livro de Mórmon).


Uma contribuição muito especial que faz o Livro de Mómon é a do conhecimento do Cristo pré-mortal. O fato de Cristo ser Jeová, o Deus de Leí, Néfi e o irmão de Jarede antes de nascer na terra e o Redentor de Mórmon e Morôni depois de nascer é uma das mensagens de destaque deste registro.
Nos tempos modernos muitos estudantes da religião têm encontrado grandes dificuldades em correlacionar a teologia das divindades do Velho Testamento às que se apresentam no Novo Testamento. O Livro de Mórmon serve de ponte entre os dois, não somente em termos de história real, começando seissentos anos antes de Cristo e terminando quatrocentos anos depois de Cristo, como também na continuação da doutrina e na imagem coerente da deidade que ensina ao longo deste período. Falamos da união das duas varas, a de Judá e a de José, conforme profetizou Ezequiel, como uma das grandes dádivas do Livro de Mórmon nos últimos dias (Ezequiel 37:15-28); porém, creio que é de igual importância notar, ao unir as duas varas, o papel do Livro de Mórmon em unir o Velho Testamento e o Novo Testamento de maneira não reconhecida nem admitida como possibilidade pelas outras tradições religiosas.


Testemunha Antiga de Cristo,Néfi, Jacó e Isaías (todos os quais viviam e profetizavam antes de Cristo) aparecem no início do livro para servir de três antigas testemunhas do Livro de Mórmon, ou para ser mais específico, três testemunhas especiais de Cristo no Livro de Mórmon, o que elas são. Porém há muito mais testemunhas no Livro de Mórmon, quase todas tendo atuado antes do nascimento e ministério de Cristo na terra.


Amuleque diz a seus concidadãos de Amonia (cerca de 74 A.C.): “Meus irmãos, penso ser impossível que ignoreis as coisas que foram ditas concernentes à vinda de Cristo, que ensinamos ser o Filho de Deus; sim, sei que estas coisas vos foram amplamente ensinadas antes de vosso afastamento de nós” (Alma 34:2).
A vinda de Cristo e os detalhes de sua missão e mensagem são amplamente ensinadas ao longo do Livro de Mórmon. Não é de se admirar que o livro, na forma que existe hoje, comece com uma visão de “Um que descia do meio dos céus e [Leí] viu que seu resplendor era acima do sol ao meio-dia” (1 Néfi 1:9). Nesta visão do Cristo pré-mortal, acompanhado de mais doze, apresentou-se um livro, dando ordem a Leí que o lesse. O livro falou de ”muitas coisas grandes e maravilhosas,” inclusive uma declaração clara da “vinda do Messias e da redenção do mundo” (1 Néfi 1:14, 19).


Destas primeiras páginas em diante o Livro de Mórmon fala continuamente de Cristo antes de seu nascimento na terra, durante sua jornada entre os judeus e os nefitas e do seu reinado pós-mortal na eternidade. Embora seus contemporâneos de Jerusalém tivessem rejeitado a mensagem dada por Leí, aquele grande profeta, não obstante, continuou a profetizar do “Messias, ou em outras palavras, o Salvador do mundo” (1 Néfi 10:4). Leí possuia um conhecimento específico da vinda de Cristo para o mundo dos mortais inclusive uma visão detalhada de que o Messias seria morto e “ressuscitaria dentre os mortos e manifestar-se-ia aos gentios pelo Espírito Santo” (1 Néfi 10:11).


Se foi uma visão ou algo mais real como o aparecimento pessoal de Cristo, nós não sabemos, mas Leí obviamente presenciou manifestações muito especiais com relação ao Filho de Deus. Pouco tempo antes de sua morte ele testificou aos filhos: “Mas eis que o Senhor redimiu a minha alma do inferno; eu contemplei a sua glória e estarei eternamente envolvido pelos braços de seu amor” (2 Néfi 1:15).


Já nos escritos iniciais de Néfi descobrimos o nome que o Messias levaria e Néfi logo reconheceu que outros profetas antigos também sabiam o nome, pois ele escreve: “Pois de acordo com as palavras dos profetas, o Messias virá seiscentos anos depois da época em que meu pai deixou Jerusalém; e de acordo com as palavras dos profetas e também com a palavra do anjo de Deus, seu nome será Jesus Cristo, o Filho de Deus “ (2 Néfi 25:19).
Jacó, o irmão de Néfi, dá continuação a este conhecimento dando um testemunho poderoso do panorama de revelação e do conhecimento quase que universal de Cristo que os profetas antigos nos deram. Ele escreve:
“Porque para este fim escrevemos estas coisas: para que tenham conhecimento de que sabíamos de Cristo e tínhamos esperança em sua glória muitos séculos antes de sua vinda; e não somente nós tínhamos esperança na sua glória, mas também todos os santos profetas que viveram antes de nós.
“Eis que eles acrediravam em Cristo e adoravam o Pai em seu nome; e também nós adoramos o Pai em seu nome. Com este propósito guardamos a lei de Moisés, que a ele guia nossa alma; e isso nos é atribuído como retidão, assim como a Abraão no deserto, a obediência às ordens de Deus de oferecer seu filho Isaque, o que é `a semelhança de Deus e seu Filho Unigênito.
“Portanto estudamos os profetas e temos muitas revelações e o espírito de profecia; e com todos estes testemunhos obtemos uma esperança e nossa fé torna-se imbalável, de sorte que podemos verdadeiramente ordenar em nome de Jesus e as próprias árvores ou as montanhas ou as ondas do mar nos obedecem” (Jacó 4:4-6).
Naquele espírito corajoso e persuasivo ele roga aos seus irmãos: “Eis que rejeitareis estas palavras? Rejeitareis as palavras dos profetas? E rejeitareis todas as palavras que foram ditas sobre Cristo, depois de tantos haverem falado sobre ele? E negareis a boa palavra de Cristo e o poder de Deus e o dom do Espírito Santo? E sufocareis o Santo Espírito e desedenhareis o grande plano de redenção que foi preparado para vós?” (Jacó 6:8)
Mas logo veio alguém fazendo exatamente estas coisas: Serém, o primeiro dos anticristos do Livro de Mórmon. Serém declarou que “não haveria um Cristo” e de todas as formas procurou “derrubar a doutrina de Cristo” (Jacó 7:2). Sabendo que Jacó “tinha fé no Cristo que haveria de vir,” Serém com vileza se esforçou grandemente para enfrentá-lo e desafiá-lo quanto à prática do que Serém chamava de “pregar aquilo que se chama evangelho, ou a doutrina de Cristo” (Jacó 7:3, 6). Seus argumentos se baseavam no racioncínio fraco e previsível de todos os anticristos, ou seja, que “nenhum homem sabe de tais coisas, porque não pode falar de coisas futuras” (Jacó 7:7).


Jacó perguntou a Serém: “Crês nas escrituras? E ele disse: Sim.
“E eu disse: Então não as entendes, porque elas verdadeiramente tesificam de Cristo. Eis que te digo que nenhum dos profetas escreveu nem profetizou sem ter falado sobre este Cristo” (Jacó 7:10-11).
O Irmão de JaredeO nome de um dos maiores profetas do Livro de Mórmon (de fato pode se argumentar fortemente que era o maior dos profetas do Livro de Mórmon) não aparece neste registro que documenta a vida extraordinária de Cristo. Aquele profeta só se indentifica ao leitor moderno como “o irmão de Jarede.” Mesmo assim, quase que na anonímia, a revelação que se desdobrou aos olhos deste homem era tão extraordinária que sua vida e legado para nós se tornaram sinônimo de fé corajosa e perfeita.


Na disperção que lhes foi requerida na época da Torre de Babel, o povo de Jarede chegou ao “grande mar que divide as terras” (Éter 2:13), onde acamparam para esperar mais revelação referente à travessia do oceano assombrador. Durante quatro anos esperavam a instrução divina mas, pelo jeito, esperavam relaxadamente, sem suplicar, sem se esforçar. Aí apresentou-se-lhes este evento notável:
“E aconteceu, no fim de quatro anos, que o Senhor tornou a aparecer ao irmão de Jarede; e estava numa nuvem e falou com ele. E pelo espaço de três horas falou o Senhor com o irmão de Jarede e repreendeu-o por não se ter lembrado de invocar o nome do Senhor” (Éter 2:14).
É difícil imaginar como seria uma repreensão do Senhor de três horas de duração mas o irmão de Jarede a aturou. Com arrependimento imediato e oração imediata, este profeta mais uma vez procurou orientação para a jornada que lhes fora designada e para si mesmos. Deus aceitou seu arrependimento e carinhosamente concedeu mais direções para esta missão tão importante.
Para tal travessia oceânica, estas famílias e seus rebanhos careciam de embarcações bem navegáveis semelhantes aos barcos que haviam construído anteriormente para atravessar as águas, embarcações leves e pequenos na forma de vaso, de desenho idêntico de cima e de baixo para que pudessem boiar até quando levadas por ondas assombradoras, ou pior ainda, quando emborcadas. Estes barcos “bem ajustados” [no sentido de não deixar água infiltrar] (Éter 2:17) eram, obviamente, embarcações de design sui gêneris e capacidade não limitada feitas sob a direção d’Aquele quem reina sobre os mares e os ventos que os impelem para que os barcos pudessem navegar com a “leveza semelhante à de uma ave sobre a água” (Éter 2:16).
Estes navios eram de design milagroso e de construção meticulosa. Mas tinham uma limitação principal que parecia não ter solução. Em tais embaracações tão navegáveis e estanques, não havia iluminação para os navegadores que viajavam nelas. Outra vez o irmão de Jarede “clamou ao Senhor, dizendo: Ó Senhor, eis que fiz conforme me ordenaste; e preparei os navios para meu povo e eis que neles não há luz. Ó Senhor, consentirás que cruzemos estas grandes águas na escuridão?” (Éter 2:22).
Daí veio uma reposta extraordinária e inesperada do Criador do céu e da terra e de tudo que neles há, sim, Aquele que ousadamente declarou a Abraão: “Existe algo difícil demais para o Senhor?” (Gênesis 18:14). “E o Senhor disse ao irmão de Jarede: Que desejais que eu faça a fim de que tenhais luz em vossos barcos?” (Éter 2:23).
Então, como se tal indagação cativante da diedade onipotente não fosse suficiente, o Senhor começa a expor justamente o mesmo problema que o irmão de Jarede já conhece tão bem.
“E o Senhor disse ao irmão de Jarede: Que desejais que eu faça, a fim de que tenhais luz em vossos barcos? Porque eis que não podeis ter janelas, porque seriam despedaçadas; nem levareis fogo convosco, porque não ireis pela luz do fogo.
“Pois eis que sereis como uma baleia no meio do mar; porque as altas ondas se quebrarão sobre vós. Não obstante, tirar-vos-ei novamente das profundezas do mar; porque os ventos saíram de minha boca e também eu enviei as chuvas e as inuncações.
“E eis que vos preparo contra essas coisas; porque não podeis cruzar este grande mar sem que eu vos prepare contra as ondas do mar e os ventos que saíram e os dilúvios que hão de vir. Portanto, que desejais que eu prepare para vós, a fim de que tenhais luz quando estiverdes submersos nas profundezas do mar?” (Éter 2:23-25).
É óbvio que o irmão de Jarede estava sendo testado. O Senhor já fez a sua parte de forma milagrosa, profunda e engenhosa. Já foram providos navios únicos, fortemente navegáveis para cruzar o oceano. A engenharia brilhante já se fez. A parte mais dura deste projeto já se terminou. Agora Ele queria saber o que o irmão de Jarede faria a respeito dos acessórios.
Depois do que foi, sem dúvida, um exame profundo de consciência e muito pensar, o irmão de Jarde ficou perante o Senhor, talvez envergonhado mas não com as mãos vazias. Num tom claramente apologético, ele disse:
“Ó Senhor, tu disseste que seremos envolvidos pelas águas. Agora ouve, ó Senhor, e não te ires contra teu servo por causa de sua fraqueza diante de ti; pois sabemos que és santo e habitas nos céus e que somos indignos diante de ti; por causa da queda, nossa natureza tornou-se má continuamente; não obstante, ó Senhore, deste-nos o mandamento de invocar-te, para que de ti recebamos de acordo com nossos desejos.
“Eis que, ó Senhor, tu nos castigaste devido a nossa iniqü idade e expulsaste-nos; e durante todos este anos temos estado no deserto; não obstante, tens sido misericordioso para conosco. Ó Senhor, tem piedade de mim e afasta deste teu povo tua ira e não permitas que eles cruzem este furioso abismo na escuridão; mas olha estas coisas que fundi da rocha” (Éter 3:2-3).
Coisas! O irmão de Jarede mal sabe o que chamá-las. Pedras não parece um nome muito inspirador. E estando ao lado do trabalho magnífico do Senhor, estes barcos oceânicos únicos e maravilhosos de design impecável, o irmão de Jarede oferece sua contribuição: pedras. Ao ver os navios lustrosos que o Senhor providenciou, para ele é um momento de humildade real.


Ele continua: “E sei, ó Senhor, que tu tens todo o poder e que podes fazer tudo quanto queiras para o benefício do homem; portanto, com teu dedo toca estas pedras, ó Senhor, e prepara-as para que brilhem na escuridão; e elas nos iluminarão nos barcos que preparamos, para que tenhamos luz enquanto cruzarmos o mar.
“Eis que, ó Senhor, tu podes fazer isto. Sabemos que és capaz de mostrar grande poder, o qual parece pequeno ao entendimento do homem” (Éter 3:4-5).
Apesar da autocrítica, a fé do irmão de Jarede é aparente. De fato, pode-se dizer transparente neste caso, levando em conta o propósito destas pedras. Certamente Deus, bem como o leitor, sente algo marcante na inocência simples e o fervor da fé deste homem. “Eis que, ó Senhor, tu podes fazer isto.” Pode ser que não haja uma frase simples de fé tão poderosa proferida por qualquer homem nas escrituras. É como se ele estivesse encorajando Deus, fortalecendo-o, assegurando-lhe. Ele não disse: “Eis que, ó Senhor, acho que podes fazer isto,” nem “Eis que, ó Senhor, já fizeste coisas maiores que esta.” Por duvidoso que estivess para consigo si mesmo, ele não tinha nenhuma dúvida a respeito do poder de Deus. Não há nada aqui senão uma declaração afirmativa, corajosa e clara sem nenhum elemento nem traço de vacilação. Ele encorajou a quem não precisava de encorajamento mas que certamente se compungiu com isto. “Eis que, ó Senhor, tu podes fazer isto.”


Romper o Véu.O que aconteceu depois disso se destaca como um dos maiores momentos já registrados na história do mundo, certamente um dos eventos de fé mais importantes dos já registrados. Este acontecimento fixou o irmão de Jarede entre os maiores dos profetas de Deus. O Senhor extende a mão para tocar com seu dedo as pedras, uma por uma, em virtude da fé dominante do irmão de Jarede e: “O véu foi tirado dos olhos do irmão de Jarede e ele viu o dedo do Senhor; e era como o dedo de um homem, à semelhança de carne e sangue; e o irmão de Jarede caiu perante o Senhor, porque ficou tomado de medo” (Éter 3:6).
Ao ver o irmão de Jarede cair por terra, o Senhor o mandou levantar-se e perguntou: “Por que caíste?” (Éter 3: 7).


O profeta replicou: “Vi o dedo do Senhor e temi que me ferisse; porque não sabia que o Senhor tinha carne e sangue” (Éter 3:8)


Logo se deu esta declaração maravilhosa do Senhor: “Em virtude de tua fé, viste que tomarei sobre mim carne e sangue; e nunca ninguém se chegou a mim com uma fé tão grande como tu; porque se assim não fora, não poderias ter visto o meu dedo. Viste mais que isso?” (Éter 3:9).
O irmão de Jarede responde: “Não, Senhor, mostra-te a mim” (Éter 3:10). O Senhor tirou por completo o véu dos olhos do irmão de Jarede e se mostrou a este homem imbalavelmente fiel.
Seguiu esta revelação notável do Jeová pré-mortal: “Eis que sou aquele que foi preparado desde a fundação do mundo para redimir meu povo. Eis que eu sou Jesus Cristo. Eu sou o Pai e o Filho. Em mim toda a humanidade terá vida e tê-la-á eternamente, sim, aqueles que crerem em meu nome; e eles tornar-se-ão meus filhos e minhas filhas.
“E nunca me mostrei ao homem que criei, porque nunca o homem creu em mim como tu creste. Vês que foste criado conforme minha própria imagem? Sim, todos os homens foram criados, no princípio, a minha própria imagem.
“Eis que este corpo que vês é o corpo do meu espírito; e assim como te apareço em espírito aparecerei a meu povo na carne” (Éter 3:14-16).
Antes de examinar as verdades da doutrina que se ensinou neste encontro divino, será útil notar aqui dois assuntos aparentemente problemáticos, problemas estes que parecem ter soluções aceitáveis e razoaveis.
A primeira questão se trata da onisciência de Deus e surge das duas perguntas que o Senhor faz ao irmão de Jarede ao desdobrar a visão: “Por que caíste?” e “Viste mais que isso?” É premissa básica da teologia dos Santos dos Últimos Dias que “Deus conhece todas as coisas e não há nada que não conheça” (2 Néfi 9:20). As escrituras, tanto as antigas como as modernas, estão repletas da afirmação de sua onisciência. Não obstante, Deus tem feito perguntas com freqü ência aos homens, geralmente para testar sua fé, medir sua honestidade e permitir um crescimento maior no seu conhecimento. Por exemplo, ele perguntou a Adão no Jardim do Éden: “Onde estás tu?” e depois perguntou a Eva: “O que é isso que fizeste?” (Gênesis 3:9, 13) embora, como pai onisciente já soubesse a resposta destas duas perguntas, pois pôde ver onde estava Adão e presenciou o que Eva fizera. É óbvio que as perguntas são para o bem dos seus filhos, dando a Adão e a Eva a responsabilidade de responder honestamente. Mais tarde ao testar a fé de Abraão, Deus indagou repetidas vezes a respeito do paradeiro de Abraão ao qual o patriarca fiel respondeu: “Eis-me aqui” (Gênesis 22:11). O propósito deste evento das escrituras não era o de fornecer informações a Deus, que já sabia tudo, mas foi para deixar Abraão reafirmar sua fé firme e sua intenção inequívoca ao enfrentar o mais difícil dos testes paternos. Este tipo de pergunta retórica é empregada com freqü ência por Deus, principalmente ao avaliar a fé, a honestidade e o arbítrio do homem, dando aos seus “estudantes” a liberdade e a oportunidade de se expressarem tão abertamente como quiserem, mesmo que Deus já saiba a resposta a suas próprias perguntas e às de todas as outras.
A segunda questão que exige um comentário preliminar baseia-se na exclamação do Senhor: “Nunca ninguém se chegou a mim com uma fé tão grande como tu; porque se assim não fora, não poderias ter visto o meu dedo” (Éter 3:9). E depois: “E nunca me mostrei ao homem que criei, porque nunca o homem creu em mim como tu creste” (Éter 3:15). A possibilidade de fazer confusão provém do fato de muitos (na verdade, supõe-se que todos) do principais profetas que viviam antes do irmão de Jarede também viram Deus. Como é que se explica a declaração do Senhor? Podemos descartar as conversas face a face de Adão com Deus no Jardim do Éden pois sucedeu no paraíso antes da queda. Ademais, as visões divinas de outros profetas, tais como as de Moisés e Isaías na Bíblia e as de Néfi e Jacó no Livro de Mórmon ocorreram depois desta experiência única do irmão de Jarede. Mas antes do tempo da Torre de Babel [a época de Jarede], o Senhor apareceu a Adão e ao restante de sua posteridade reta no Vale de Adão-ondi-Amã três anos antes da morte de Adão (vide D&C 107:53-55). E também nos resta o Livro de Enoque que disse claramente: “Eu vi o Senhor; e ele pôs-se diante de minha face e falou comigo, sim, como um homem fala com outro face a face” (Moisés 7:4). Supomos que havia outros profetas que viveram no período entre a expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden e a construção da Torre de Babel que também viram Deus de maneira semelhante, inclusive Noé “que achou graça aos olhos do Senhor” e que “caminhou com o Senhor” (Gênesis 6:8-9), a mesma frase que se usa para descrever a relação entre Enoque e o Senhor (vide Gênesis 5:24).
Esta questão tem sido muito debatida pelos escritores Santos dos Últimos Dias e exsitem várias explicações possíveis e qualquer delas, ou talvez todas, ilumina uma parte da verdade desta passagem. Não obstante, sem mais revelação ou ilucidadção, qualquer conjetura a esse respeito é justamente conjetura, sim, suposição, e como tal será inadequada e incompleta.


Uma possível explicação é que este comentário foi feito simplesmente no contexto de uma dispensação específica e assim só se aplica aos jareditas e aos profetas jareditas, pois Jeová nunca antes se revelou a um de seus videntes e reveladores. Obviamente esta teoria tem limitações severas ao levar em conta as frases “nunca antes” e “nunca um homem” e além disso se tem que reconhecer que Jarede e seu irmão são os pais daquela dispensação, os primeiros daquela época a quem Deus poderia ter-se revelado.
Outra sugestão é que a referência à palavra homem é a chave desta passagem, sugerindo que o Senhor nunca se revelou ao homem natural, mundano, não crente e não santificado. Isso implica que somente aqueles que deixam o homem natural, somente aqueles que se mantêm sem mácula do mundo, ou seja, somente os santificados como Adão, Enoque e agora o irmão de Jarede têm direito a este privilégio.
Alguns acreditam que o Senhor nesta passagem quer dizer que nunca antes se revelou de grau tão elevado. Esta teoria sugere que os aparecimentos divinos aos profetas anteriores não tiveram a mesma “plenitude” e que nunca antes o véu havia-se tirado, dando uma revelação tão completa da natureza e essência de Cristo.
Outra possibilidade ainda é que esta foi a primeira vez que Jeová apareceu e indentificou-se como Jesus Cristo, o Filho de Deus. Assim a interpretação da passagem ficaria “nunca me revelei [como Jesus Cristo] ao homem que criei” (Éter 3:15). Esta possibilidade se reforça por uma interpretação do comentário editorial de Morôni: “Tendo este conhecimento perfeito de Deus, não podia ser impedido de ver além do véu; por isso viu Jesus; e este ministrou em favor dele” (Éter 3:20).
Mais uma interpretação desta passagem é que a fé do irmão de Jarede era de tal grandeza que conseguiu ver não somente o dedo e corpo espirituais do Jesus pré-mortal (que se supõe que outros profetas também viram) mas também algum aspecto mais revelador do corpo de Cristo de carne, sangue e ossos. O significado exato do que o irmão de Jarede pode ter obtido acerca da natureza de carne e sangue do futuro corpo de Cristo não está muito claro mas Jeová lhe disse: “Em virtude de tua fé, viste que tomarei sobre mim carne e sangue” (Éter 3:9). Morôni disse que Cristo se revelou naquela ocasião “à semelhança do mesmo corpo com que se mostrou aos nefitas” (Éter 3:17). Alguns estudiosos acham que isto significa “o mesmo corpo” literal que os nefitas iriam ver, um corpo de carne e sangue. Uma colocação mais segura é que se viu pelo menos a semelhança espiritual exata do seu futuro corpo. Jeová disse: “Eis que este corpo que ora vês é o corpo do meu espírito; e o homem foi por mim criado segundo o corpo do meu espírito; e assim como te apareço em espírito, aparecerei a meu povo na carne” (Éter 3:16), e Morôni disse: “Jesus se mostrou a este homem no espírito” (Éter 3:17).
Uma explicação final, que em termos da fé do irmão de Jarede (que é o que mais interessa nesta discussão) é a mais persuasiva para mim, é que Cristo estava dizendo: “Nunca me revelei ao homem desta maneira, sem minha volição, impelido somente pela fé de quem ora.” De regra geral os profetas são convidados para entrarem na presença do Senhor por Ele mesmo, com a sua licença. O irmão de Jarede, por outro lado, é único, naquela época e hoje, no sentido de ter-se impelido através do véu não como convidado mas talvez, tecnicamente, como alguém sem convite, porém bem-vindo. Disse Jeová: “Nunca ninguém se chegou a mim com uma fé tão grande como tu; porque se assim não fora, não poderias ter visto o meu dedo. . . Nunca o homem creu em mim como tu creste” (Éter 3:9, 15). Obviamente o Senhor vinculou esta fé sem precedentes a esta visão sem precedentes. Se a visão não é única, então a fé e a forma de que se obteve a visão saõ o que é de tão notável. O que torna esta fé tão notável é sua capacidade de levar este profeta sem convite aonde outros só foram como convidados.
Na verdade isto parece ser o que Morôni entendeu por estas circunstâncias pois escreve mais tarde: “E devido ao conhecimento desse homem [que é resultado de sua fé], ele não podia ser impedido de ver além do véu. . . [não podia ser mantido por fora do véu].


“Portanto, tendo este perfeito conhecimento de Deus, não podia ser impedido de ver além do véu; portanto viu Jesus” (Éter) 3:19-20).


Este exemplo lembra perguntas provocanates e hipotéticas sobre o poder de Deus. Filósofos principiantes às vezes perguntam: “Pode Deus criar uma pedra tão pesada que ele mesmo não pode levantá-la?” ou “Pode Deus esconder algo tão bem que não pode achá-lo depois?” Com muito mais emoção e importância, podemos perguntar se Deus poderia ter impedido o irmão de Jarede de ver além do véu. À primeira vista se tende a dizer: “Certamente Deus poderia bloquear tal experiência, se quisesse.” Mas pense de novo. Ou, para ser mais exato, leia de novo: “Este homem . . . não podia ser [mantido por fora do véu;] . . . não podia ser [mantido por fora do véu]” (Éter 3:19-20).


Pode ser que este seja um caso absolutamente sem precedentes de um profeta cuja vontade, fé e pureza se aproximaram tanto do céu que aquele homem passou além de só entender Deus e se tornou como Ele, com o mesmo poder de vontade e fé, pelo menos naquele momento. Que declaração doutrinária notável sobre o poder de fé de um homem mortal. E ele não foi um homem inatingível e etéreo de categoria seletiva. Trata-se de um homem que certa vez havia-se esquecido de clamar ao Senhor, cujas melhores idéias focalizavam em pedras, e cujo nome não aparece no livro que tornou imortal seu feito notável de fé. Dado que tal homem tinha tanta fé, não é de se admirar que o Senhor tenha-lhe mostrado muito, inclusive visões relativas à missão do todos os profetas do Livro de Mórmon e aos acontecimentos da dispensação dos últimos dias em que o livro seria revelado.
Depois que o profeta entrou além do véu para ver o Salvador do mundo, não houve limites no que o mundo eterno pudesse-lhe revelar. De fato, o Senhor lhe mostrou “todos os habitantes da Terra que já tinham existido e também todos os que viriam a existir; e não os ocultou de sua vista, mesmo até os confins da Terra” (Éter 3:5). O poder de retenção de tal experiência foi, novamente, a fé do irmão de Jarede, pois “o Senhor nada lhe poderia ocultar, porque ele sabia que o Senhor podia mostrar-lhe todas as coisas” (Éter 3:26).
Uma Visão NotávelEsta visão de “todos os habitantes da Terra que já tinham existido e que viriam a existir. . . até os confins da Terra” (Éter 3:25) foi semelhante à visão dada a Moisés e outros profetas (vide Moisés 1:27-29). No caso do irmão de Jarede, porém, foi descrita em grandes detalhes e depois selada. Morôni, que teve acesso ao registro desta visão, escreveu nas suas placas “precisamente as coisas que o irmão de Jarede viu” (Éter 4:4). Então ele também as selou e escondeu-as na terra antes de sua morte e da destruição final da civiliazação nefita. A respeito desta visão concedida ao irmão de Jarede, Morôni escreveu que “Nunca foram reveladas coisas maiores do que as que foram reveladas ao irmão de Jarede” (Éter 4:4).


Aquelas placas seladas constituem a parte selada do Livro de Mórmon que Joseph Smith não traduziu. Ademais, ficarão seladas literal e figurativamente até “o dia em que eles exercerem fé em mim, diz o Senhor, como fez o irmão de Jarede, para que se tornem santificados em mim, então lhes revelarei as coisas que o irmão de Jarede viu, esclarecendo-lhes todas as minhas revelações, disse Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Pai dos céus e da Terra e de tudo que neles há” (Éter 4:7).
A plena medida desta visão sem precedentes e sem igual (“nunca se revelaram coisas maiores”) ainda está para ser revelada aos filhos dos homens. Mas considere o que foi revelado através da experiência do homem que a recebeu, considere que aconteceu aproximadamente dois mil anos antes do nascimento de Cristo e considere o que não está contido atualmente no cânon do Velho Testamento daquela era a respeito de Jeová e suas caraterísticas verdadeiras. Os vinte e cinco pontos que seguem são todos provenientes do capítulos 3 e 4 de Éter:


1. Jeová, o Deus da era pré-cristã, foi o próprio Jesus Cristo pré-mortal já identificado por este nome (vide Éter 3:14).
2. Cristo é tanto o Pai como o Filho no seu relacionamento divino com os filhos dos homens na Terra (vide Éter 3:14).
3. Cristo foi “preparado desde a fundação do mundo para redimir seu povo” (Éter 3:14), um fato que já se havia revelado a Enoque e que mais tarde seria revelado a João o Revelador (vide Moisés 7:47; Apocalipse 13:8).
4. Cristo tinha um corpo espiritual que se parecia, na sua forma pré-mortal, com o seu corpo físico “segundo a carne e sangue,” com dedos, voz, rosto e todas as outras caraterísticas físicas (Éter 3:6).
5. Cristo ajudou na criação do homem, formando a família humana “segundo o corpo do meu espítito” (Éter 3:16).
6. Possuído de um corpo de espírito e da divindade de seu chamado, o Cristo pré-mortal falou audivelmente empregando palavras e linguagem compreendidas pelos homens mortais (vide Éter 3:16).
7. Cristo é um Deus, agindo junto a seu Pai e em nome d’Ele, que também é um Deus (vide Éter 3:14; 4:7).
8. Cristo revela certas verdades a algumas pessoas que devem ser retidas das outras até o devido tempo, o devido tempo do Senhor (Éter 3:24).
9. Cristo utiliza um panorama de ferramentas e técnicas para facilitar a revelação, inclusive o poder interpretativo de “duas pedras:” o Urim e Tumim (vide Éter 3:23-24; D&C 17:1);
10. Consta-se de forma clara o papel expiador e redentor de Cristo antes de realizar-se na sua vida terrena. Ademais, de forma bem-aventurada para o irmão de Jarede, a expiação se tornou efetiva naquela hora em sua vida bem antes do nascimento de Cristo. “Eis que sou aquele que foi preparado desde a fundação do mundo para redimir meu povo,” diz Cristo. “Em mim toda a humanidade terá vida e tê-la-á eternamente, sim, aqueles que crerem em meu nome; e eles tornar-se-ão meus filhos e minhas filhas” (Éter 3:14).
Daí se pronunciou a redenção do irmão de Jarede como se a expiação já se tivesse realizado. “Por saberes estas coisas, ficas redimida da queda,” Cristo lhe prometeu, “portanto és conduzido de volta a minha presença; portanto, mostro-me a ti” (Éter 3:13).
Esta declaração enfatiza a natureza eterna da expiação cujos efeitos se extendem tanto a todos aqueles que viveram antes do nascimento do Salvador como `aqueles que viveram depois. Todos aqueles que nos tempos do Velho Testamento se batizaram em nome de Cristo receberam o mesmo direito à vida eterna que recebeu o irmão de Jarede, mesmo que Cristo ainda não tivesse nascido. Em questões referentes à expiação como em todas as outras promessas eternas, “o tempo só é medido pelos homens” (Alma 40:8).
11. Cristo tinha conhecimento do passado de “todos os habitantes da Terra que já tinham existido” e conhecimento futuro de “tudo que viria a existir” e mostrou tudo isso ao irmão de Jarede (Éter 3:25).
Morôni, ao gravar a experiência do irmão de Jarede, acrescenta estas idéias e revelações provindas do mesmo encontro:
12. Santos futuros terão que ser santificados em Cristo para receberem todas as suas revelações (vide Éter 3:25).
13. Para aqueles que rejeitarem a visão do irmão de Jarede, não serão mostradas por Cristo nenhumas coisas maiores (Éter 4:8).
14. Pela ordem de Cristo “os céus são abertos e fechados,” “a Terra tremerá,” e “os seus habitantes serão consumidos, sim, como que por fogo” (Éter 4:9)
15. Aqueles que crerem na visão do irmão de Jarede receberão manifestações do espírito de Cristo. Devido a tais experiências espirituais, sua crença se tornará conhecimento e eles “saberão que estas coisas são verdadeiras” (Éter 4:11)
16. “E tudo quanto persuade os homens a fazerem o bem” vem de Cristo. O bem não vem senão por meio de Cristo (Éter 4:12).
17. Aqueles que não crerem nas palavras de Cristo, não crerão n’Ele em pessoa (vide Éter 4:12).
18. Aqueles que não crerem em Cristo não crerão em Deus o Pai que o enviou (vide Éter 4:12).
19. Cristo é a luz, a vida e a verdade do mundo (vide Éter 4:12).
20. Cristo revelará “maiores coisas” (Éter 4:13), “coisas grandes e maravilhosas” (Éter 4:15) e conhecimento oculto “desde a fundação do mundo” (Éter 4:14) para aqueles que romperem o véu da descrença e se aproximarem d’Ele.


21. Os que crerem devem invocar o Pai em nome de Cristo “com coração quebrantado e espírito contrito,” para “saberem que o Pai se lembrou do convênio que fez” com a casa de Israel (Éter 4:15).
22. As revelações de Cristo a João o Revelador serão “desdobradas aos olhos dos povos” nos últimos dias na hora que estiverem prestes a se cumprirem (Éter 4:16).
23. Cristo manda os confins da Terra virem a Ele, crerem no seu evangelho e se batizarem em seu nome (vide Éter 4:18).
24. Sinais seguirão aqueles que crerem no nome de Cristo (Éter 4:18).
25. Aqueles que forem fiéis ao nome de Cristo nos últimos dias serãos “levantado[s] para habitar[em] no reino preparado para ele[s] desde a fundação do mundo” (Éter 4:19).


Em verdade um pedido como aquele que se fez ao irmão de Jarede é dado a todos aqueles a quem foi enviado este registro pelo Pai, tanto o gentio como o isrealita. Ao pedir que o leitor dos últimos dias rompa os limites da fé superficial, Cristo clama:


“Vinde a mim ó vós, gentios, e mostrar-vos-ei as coisas maiores, o conhecimento que está oculto por causa da incredulidade!


“Vinde a mim ó vós, casa de Israel, e ser-vos-á revelado que coisas grandiosas o Pai vos reservou desde a fundação do mundo e que não chegaram a vós por incredulidade.
“Eis que quando rasgardes esse véu de incredulidade que vos leva a permanecer em vosso terrível estado de iniqü idade e dureza de coração e cegueira de mente, então as grandes e maravilhosas coisas que vos foram ocultas desde a fundação do mundo-sim, quando invocardes o Pai em meu nome, com coração quebrantado e espírito contrito, então sabereis que o Pai se lembrou do convênio que fez com vossos pais, ó casa de Israel!” (Éter 4:13-15).
Compreender as revelações, e a Revelação, de Deus contidas no Livro de Mórmon depende da vontade dos homens e mulheres de “romperem o véu da descrença” (Éter 4:15).
Parece que a experiência do irmão de Jarede, que se humilhoou devido a sua falta de ter orado e devido a seu desalento referente às desesseis pedras, foi incluída justamente para mostrar quão humano e normal ele era-muito parecido com os homens e muheres que conhecemos e, em alguns aspectos, como nós mesmos. Mas sua crença em Deus era sem precedentes. Não tinha nem dúvida nem limite: “E sei, ó Senhor, que tu tens todo o poder e que podes fazer tudo quanto queiras para o benefício do homem; portanto, com teu dedo toca estas pedras, ó Senhor” (Éter 3:4).


E devido àquela ordem dada ao Senhor, pois parece ser imperativo, o irmão de Jarede e o leitor do Livro de Mórmon nunca mais seriam os mesmos. 
Pessoas comuns com desafios comuns podem rasgar o véu da incredulidade e entrar nos reinos da eternidade. 
E Cristo, que foi preparado desde a fundação do mundo para redimir seu povo, estará do outro lado do véu para conduzir a si aquele que crer.

O Cristo Vivo: O Testemunho dos Apóstolos.


Profetas e apóstolos modernos prestam seus testemunhos sobre a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo.

Ao comemorarmos o nascimento de Jesus Cristo, ocorrido há dois mil anos, oferecemos nosso testemunho da realidade de Sua vida incomparável e o infinito poder de Seu grande sacrifício expiatório. Ninguém mais exerceu uma influência tão profunda sobre todos os que já viveram e ainda viverão sobre a face da Terra.
Ele foi o Grande Jeová do Velho Testamento e o Messias do Novo Testamento. Sob a direção de Seu Pai, Ele foi o criador da Terra. “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” (João 1:3) Embora jamais tivesse cometido pecado, Ele foi batizado para cumprir toda a justiça. Ele “andou fazendo bem” (Atos 10:38), mas foi desprezado por isso. Seu evangelho era uma mensagem de paz e boa vontade. Ele pediu a todos que seguissem Seu exemplo. Ele caminhou pelas estradas da Palestina, curando os enfermos, fazendo com que os cegos vissem e levantando os mortos. Ele ensinou as verdades da eternidade, a realidade de nossa existência pré-mortal, o propósito de nossa vida na Terra e o potencial que os filhos e filhas de Deus têm em relação à vida futura.
Ele instituiu o sacramento como lembrança de Seu grande sacrifício expiatório. Foi preso e condenado por falsas acusações, para satisfazer uma multidão enfurecida, e sentenciado a morrer na cruz do Calvário. Ele deu Sua vida para expiar os pecados de toda a humanidade. Seu sacrifício foi uma grandiosa dádiva vicária em favor de todos os que viveriam sobre a face da Terra.
Prestamos solene testemunho de que Sua vida, que é o ponto central de toda a história humana, não começou em Belém nem se encerrou no Calvário. Ele foi o Primogênito do Pai, o Filho Unigênito na carne, o Redentor do mundo.
Ele levantou-Se do sepulcro para ser “feito as primícias dos que dormem”. (I Coríntios 15:20) Como Senhor Ressuscitado, Ele visitou aqueles que havia amado em vida. Ele também ministrou a Suas “outras ovelhas” (João 10:16) na antiga América. No mundo moderno, Ele e Seu Pai apareceram ao menino Joseph Smith, dando início à prometida “dispensação da plenitude dos tempos”. (Efésios 1:10)
A respeito do Cristo Vivo, o Profeta Joseph escreveu: “Seus olhos eram como uma labareda de fogo; os cabelos de sua cabeça eram brancos como a pura neve; seu semblante resplandecia mais do que o brilho do sol; e sua voz era como o ruído de muitas águas, sim, a voz de Jeová, que dizia:
Eu sou o primeiro e o último; sou o que vive, sou o que foi morto; eu sou vosso advogado junto ao Pai”. (D&C 110:3-4)
A respeito Dele, o Profeta também declarou: “E agora, depois dos muitos testemunhos que se prestaram dele, este é o testemunho, último de todos, que nós damos dele: Que ele vive!
Porque o vimos, sim, à direita de Deus; e ouvimos a voz testificando que ele é o Unigênito do Pai—
Que por ele e por meio dele e dele os mundos são e foram criados; e seus habitantes são filhos e filhas gerados para Deus”. (D&C 76:22-24)
Declaramos solenemente que Seu sacerdócio e Sua Igreja foram restaurados na Terra, “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”. (Efésios 2:20)
Testificamos que Ele voltará um dia à Terra. “E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá.” ( . . .) (Isaías 40:5) Ele governará como Rei dos Reis e reinará como Senhor dos Senhores, e todo joelho se dobrará e toda língua confessará em adoração perante Ele. Cada um de nós será julgado por Ele de acordo com nossas obras e os desejos de nosso coração.
Prestamos testemunho, como Apóstolos Seus, devidamente ordenados, de que Jesus é o Cristo Vivo, o Filho imortal de Deus. Ele é o grande Rei Emanuel, que hoje Se encontra à direita de Seu Pai. Ele é a luz, a vida e a esperança do mundo. Seu caminho é aquele que conduz à felicidade nesta vida e à vida eterna no mundo vindouro. Graças damos a Deus pela incomparável dádiva de Seu Filho divino.

Revelação

Élder Dallin H. Oaks
Do Quórum dos Doze Apóstolos


A revelação é a comunicação de Deus aos homens. Pode ocorrer de muitas maneiras diferentes. Alguns profetas, como Moisés e Joseph Smith, falaram com Deus face a face. Certas pessoas se comunicaram com anjos. 
Outras revelações têm vindo, como descreveu o élder James E. Talmage, “por meio dos sonhos ao dormir, ou em visões da mente de quem estava acordado.”




Nas suas formas mais conhecidas, a revelação, ou inspiração, vêm por meio de palavras ou pensamentos comunicados à mente (vide D&C 8:2-3; Enos 1:10), por ilucidação repentina (vide D&C 6:14-15), através de sentimentos positivos ou negativos sobre uma ação proposta, e até através de desempenhos inspiradores como das belas artes. O Presidente Boyd K. Packer disse: “A inspiração nos vem mais por sentimento do que por audição.”


Supondo que os irmãos já conhecem as várias formas de revelação ou inspiração, resolvi discutir o assunto em termos de uma diferente classificação, o propósito da comunicação divina. Pude identificar oito propósitos diferentes provindos da comunicação de Deus: 
(1) para testificar, 
(2) para profetizar, 
(3) para consolar, 
(4) para elevar, 
(5) para informar, 
(6) para restringir, 
(7) para confirmar e 
(8) para impelir. 
Desecreverei cada um nesta mesma ordem, dando exemplos.


Meu objetivo em sugerir esta classificação e em dar estes exemplos é o de persuadir cada um dos irmãos a refletir acerca de suas próprias experiências e a concluir que já recebeu revelações e que pode receber mais inspiração porque a comunicação de Deus aos homens e às mulheres é uma realidade. O Presidente Lorenzo Snow declarou que é um “grande privilégio todos os Santos dos últimos Dias. . . recebermos manifestações do espírito todos os dias de nosso vida.


O Presidente Harold B. Lee ensinou que ''todo ser tem o privilégio de exercer estes dons e prerrogativas ao conduzir suas atividades, ao criar seus filhos do jeito que se deve, ao dirigir sua empresa ou ao fazer qualquer outra atividade. é seu direito receber o espírito de revelação e de inspiração para fazer o que é certo e para ser sábio, prudente, justo e bom e tudo que fizer.”
Ao revisar os seguintes oito propósitos da revelação, espero que os irmãos reconheçam quanta revelação e inspiração já receberam e resolvam a cultivar este dom espiritual a fim de ultilizarem-no com mais freqüência no futuro''.


1. O Espírito Santo testifica, ou revela, que Jesus é o Cristo e que o evangelho é verdadeiro.


Quando o Apóstolo Pedro afirmou que Jesus Cristo era o Filho do Deus vivo, o Salvador o chamou bem-aventurado, “pois to não revelou a carne e o sangue, mas Meu Pai, que está nos céus” (Mateus 16:17). Esta revelação preciosa pode fazer parte da experiência pessoal de todo aquele que procura a verdade. Depois de recebida esta revelação se torna uma estrela polar para guiá-lo em todas as atividades da vida.


2. A profecia é outro motivo ou função da revelação.


Ao falar sob a influência do Espírito Santo, e dentro dos limites de sua responsabilidade, uma pessoa pode ser inspirada a predizer o que passará no futuro.
Quem ocupa o cargo de profeta, vidente e revelador profetiza para a Igreja, como foi o caso quando Joseph Smith profetizou a respeito da Guerra Civil (vide D&C 87) e predisse que os Santos seriam um povo poderoso nas Montanhas Rochosas. A profecia faz parte do chamado de um patriarca. Cada um de nós também tem, de tempos em tempos, o privilégio de receber a revelação profética, iluminando os eventos que nos sucederão no futuro, tal como um chamado na Igreja que vamos receber. Para citar outro exemplo, depois do nascimento do nosso quinto filho, minha esposa e eu passamos um tempo sem ter mais filhos. Depois de mais de dez anos, aflitos, concluímos que nossa família não ia mais aumentar. Mas um dia quando minha esposa estava no templo, o Espírito sussurrou que ela ia ter outro filho. Aquela revelação profética se cumpriu mais ou menos um anos e meio depois quando nasceu nosso sexto filho pelo qual havíamos esperado treze anos.


3. O terceiro propósito da revelação é o de dar consolo.


Tal revelaão veio ao Profeta Joseph Smith no cárcere de Liberty. Após muitos meses em condições deploráveis, sozinho e agonizado ele clamou, rogando ao Senhor que se lembrasse dele e dos santos perseguidos. Chegou a resposta consoladora:


“Meu Filho, paz seja com tua alma; tua adversidade e tuas aflições não durarão mais que um momento; e então, se as suportares bem, Deus te exaltará no alto; triunfarás sobre todos os teus inimigos” (D&C 121:7-8).


Naquela mesma revelação o Senhor declarou que não importava quantas injustiças e tragédias sucedessem ao profeta, “Sabe, meu filho, que todas essas coisas te servirão de experiência e seráo para o teu bem” (D&C 122:7).


Cada um de nós sabe de outros exemplos de revelação consoladora. Alguns já foram consolados por visões de entes queridos falecidos ou por sentir sua presença por perto. A viúva de um bom amigo meu me disse que sentia a presença de seu marido desaparecido, dando-lhe a certeza de seu amor e anseio por ela. Outros receberam conforto em adaptar-se à perda de emprego, a perda de um negócio comercial ou até de seu casamento. Uma revelação de consolo pode também ser vinculada a uma bênção sacerdotal, ou pelas palavras da bênçao ou simplesmente pelo sentimento comunicado durante a bênção.


Outra espécie de consolo é a segurança que se recebe quando o Senhor perdoa um pecado. Depois de orar fervorosamente por um dia e uma noite inteiros, um profeta do Livro de Mórmon registrou que ouviu uma voz que disse: “Perdoados são os teus pecados e serás abençoado.


“Portanto,” Enos escreveu, “minha culpa foi apagada” (vide Enos 1:5-6; vide também D&C 61:2). Esta certeza que vem quando a pessoa completa os passos do arrependimento dá segurança de que o preço se pagou, que Deus ouviu o pecador penetente, e que seus pecados foram perdoados. Alma descreveu aquele momento como a hora em que “já não foi atormentado pela lembrança de seus pecados. “E oh, que alegria e que luz maravilhosa contemplei! Sim, minha alma encheu-se de tanta alegria. . . . nada pode haver tão belo e doce como o foi a minha alegria” (Alma 36:19-21).


4. Semelhante ao sentimento de consolo é o quarto propósito ou função de revelação, o de elevação espiritual.


Às vezes, na vida, cada um de nós precisa ser elevado da depressão, de sentimentos de incerteza ou de inadequação, ou simplesmente de estar parado num nível de mediocridade espiritual. Acredito que a revelação espiritual proveniente da leitura das escrituras ou de usufruir música saudável, arte ou literatura é um propósito distinto da revelação, já que elevam nosso espírito e nos ajudam a resistir o mal e procurar o bem.


5. O quinto propósito da revelação é o de informar.


Pode-se consistir em uma pessoa receber, por inspiração, as palavras certas para ocasiões específicas, como na bênção pronunciada por um patriarca ou em sermões ou outras ocasiões quando se fala sob a influência do Espírito Santo. O Senhor mandou que Joseph Smith e Sidney Rigdon levantassem a voz e falassem os pensamentos colocados em seu coração, “pois naquela mesma hora, sim, naquele mesmo momento, ser-vos-á dado o que dizer” (D&C 100:5-6; vide também D&C 84:85; D&C 124:97).


Em certas ocasiões sagradas, informações foram transmitidas em conversação face a face com personagens celestiais, como nas visões que se encontram nas escrituras antigas e modernas. Em outras circunstâncias, informações importantes são comunicadas pelos sussurros calmos do Espírito. Uma criança perde uma coisa de grande valor sentimental, pede ajuda através de oração e recebe inspiração para achá-la; um adulto encontra um problema no serviço, em casa ou na pesquisa genealógica, ora a respeito e é guiado às informações necessárias para resolvê-lo; um líder da Igreja ora para saber quem é que o Senhor quer que ele chame para tal cargo e o Espírito sussurra o nome. Em todos estes exemplos-conhecidos por todos nós-o Espírito Santo atua no seu ofício de professor e revelador, transmitindo informações e verdades para a edificação e orientação dos que as recebem.
A revelação divina serve para cumprir todos estes cinco propósitos: testemunho, profecia, consolo, elevação espiritual e informações. Falei brevemente a respeito deles, dando exemplos, principalmente das escrituras. Falarei agora em maiores detalhes dos três propósitos de revelação que restam, dando exemplos de minha própria experiência.


6. O sexto tipo ou propósito de revelação é o de nos restringir de fazer certas coisas.


Assim, no meio de um grande sermão em que se explica o poder do Espírito Santo, de repente Néfi declara: “E agora eu . . . não posso dizer mais; o Espírito encerra a minha fala” (2 Nephi 32:7). A revelação que refreia é umas das formas mais comuns de revelação. Muitas vezes vem de surpresa quando não tínhamos pedido revelação ou orientação acerca de certo assunto. Mas, se estamos guardando os mandamentos de Deus e vivendo em harmonia com o Espírito, a força refreadora nos desviará das coisas que não devíamos fazer.
Uma das minhas primeiras experiências de ser restringido pelo Espírito me aconteceu logo após o meu chamado de conselheiro numa presidência de estaca em Chicago. Numa das primeiras reuniões de presidência da estaca nosso presidente de estaca apresentou uma proposta de construir a nova sede da estaca em certo local. De imediato pensei em quatro ou cinco motivos para não construir naquele lugar. Quando ele pediu meus conselhos, opus a proposta, explicando o porquê. O president da estaca sabiamente surgeriu que cada um de nós orássemos a respeito do assunto por uma semana e o discutíssemos na próxima reunião. Quase sem prestar atenção orei sobre o assunto e de imediato recebi uma impressão fortíssima de que eu estava errado, que estava impedindo a vontade do Senhor e que não devia mais opor a proposta. é escusado dizer que fui restringido e logo aprovei a proposta de construção da sede. A propósito, a sabedoria de construir a sede da estaca naquele lugar logo se tornou evidente, até para mim. Meus argumentos ao contrário foram míopes e logo fiquei grato que fui refreado de depender deles.


Alguns anos atrás peguei a caneta da escrivaninha no meu escritório na Universidade Brigham Young (BYU) para assinar um documento que tinha sido preparado para eu firmar, algo que eu fazia pelo menos uma dúzia de vezes ao dia. Aquele documento iria obrigar a universidade a seguir uma série de compromissos em que havíamos concordado. Todo o trabalho complementar dos meus assessores tinha sido completadod e tudo parecia estar em ordem.Porém quando fui firmá-lo, enchi-me de pensamentos negativos e mau agouro de tal modo que o deixei de lado e pedi que o assunto fosse revisado. Assim fizemos e dentro de poucos dias revelaram-se mais fatos que mostraram que o acordo proposto teria causado sérios problemas para a universidade no futuro.


Outra vez o Espírito veio ajudar-me quando eu redigia um livro de casos legais. Um livro de casos consiste em centenas de decisões jurídicas, mais as anotações e textos escritos pelo redator. Meu assessor e eu havíamos completado quase todo o livro, inclusive pesquisas necessárias para verificar que as decisões ainda estavam em vigor. Pouco tempo antes de mandar o livro à editora, quando eu folheava o manuscrito, um dos veredictos judiciários me chamou atenção. Ao contemplá-lo tive uma sensação de inquietação profunda. Pedi ao assessor para verificar a decisão e ver se tudo estava em ordem. Ele respondeu que sim, mas em outra revisão do manuscrito inteiro, outra vez fui parar de novo naquele mesmo caso e senti grande inquietação. Desta vez eu mesmo fui à biblioteca de direito e lá descobri entre umas publicações recém chegadas que o caso havia sido anulado por apelo. Se aquele caso tivesse sido publicado no livro de casos, eu teria passado vergonha entre os colegas profissionais. Fui salvo pelo poder refreador da revelação.


7. Uma forma comum de buscar revelação é a de propor uma solução e então orar para receber inspiração para confirmá-la.


O Senhor explicou este tipo de revelação confirmante quando Oliver Cowdery fracassou na sua tentative de traduzir o Livro de Mórmon. “Eis que não compreendeste; supuseste que eu concederia a ti, quando nada fizeste a não ser pedir-me.


“Mas eis que eu te digo que deves estudá-lo bem em tua mente; depois me deves perguntar se está certo e, se estiver certo, farei arder dentro de ti o peito; portanto sentirás que está certo” (D&C 9:7-8).


De modo semelhante o profeta Alma compara a palavra de Deus a uma semente e diz às pessoas que estudam o evangelho que se cederem lugar para plantar a semente no coração, ela dilatar-lhes-á a alma e iluminará seu entendimento e se tornará deliciosa para eles (vide Alma 32). Aquela sensação é a revelação confirmante do Espírito Santo da veracidade da palavra.
Ao discursar na BYU uns anos atrás sobre o assunto de “Arbítrio ou Inspiração,” O élder Bruce R. McConkie enfatizou nossa responsabilidade de fazer tudo dentro de nosso poder antes de buscar a revelação. Ele citou um exemplo muito pessoal. Quando ele começou a escolher sua esposa eterna, não perguntou ao Senhor com quem deveria casar-se. “Saí e achei a moça que queria,” disse ele. “Ela me agradou; . . . me parecia . . . como se assim devesse ser. . . . [Então] só orei ao Senhor e pedi orientação e direção referentes à decisão que fiz.”
O élder McConkie resumiu seus conselhos quanto ao equilíbrio entre arbítrio e inspiração da seguinte maneira: “Espera-se que usemos os dons, talentos, capacidades e o senso de juízo e arbítrio com que fomos dotados. . . . Subentende-se que antes de pedir com fé, é-nos exigido fazer tudo que pudermos por-nós mesmos para alcançar a meta que buscamos. . . . Devemos fazer tudo que pudermos e então buscar uma resposta do Senhor um selo confirmador de que chegamos à conclusão certa.”


Como representante regional tive o privilégio de trabalhar com quatro membros diferentes do Quórum dos Doze e com outras autoridades gerais ao procurarmos revelação no chamado de presidentes de estaca. Todos eles procediam da mesma maneira. Entrevistavam certas pessoas residentes da estaca-conselheiros da presidência da estaca, membros do sumo conselho, bispos e outros que adquiriram experiência especial na área de administração da Igreja-fazendo-lhes perguntas e ouvindo seus conselhos. à medida que se faziam as entrevistas, os servos do Senhor oravam e consideravam cada pessoa entrevistada e mencionada. Finalmente, chegavam a uma conclusão preliminar quanto ao novo presidente de estaca. Por fim levavam a proposta ao Senhor em oração. Se a decisão era confirmada, se fazia o chamado. Se não, ou se era restringida, a proposta era posta de lado e se continuava o processo até chegar a uma nova proposta e até receber a confirmação da revelação,às vezes as revelações confirmantes e restritivas ocorrem juntas. Por exemplo, durante a gestão na BYU fui convidado para dar um discurso perante uma associação nacional de advogados. Já que iria levar muitos dias para prepará-lo, este era o tipo de convite que eu geralmente negava. Mas ao escrever a carta de recusa, senti-me restringido. Pausei e reconsiderei o convite nestas condições e senti a segurança confirmante do Espírito e então sabia o que devia fazer.
O discurso resultante, “Uma Universidade Privada Encara o Regulamento Governamental,” abriu as portas para um monte de oportunidades importantes. Fui convidado para repetir o mesmo discurso perante outros grupos nacionais proeminentes. Até foi publicado em Vital Speeches [Discursos Vitais], uma revista professional, e em outros periódicos e livros e se tornou uma declaração de vanguarda no que se diz respeito ao interesse de universidades privadas de se livrarem de regulamento do governo. Também incentivou muitos grupos religiosos a consultarem com a BYU a respeito da relação apropriada entre o governo e as faculdades vinculadas a igrejas. Estas consultas resultaram na formação de uma organização nacional de faculdades e universidades religiosas que se tornou uma aliança significativa para opor a regulamentação ilegal e indevida do governo. Não tenho nenhuma dúvida, ao refletir neste evento, que aquele convite que quase recusei foi um daqueles eventos quando uma coisa que parece insignificante faz uma grande diferença para o bem.


Em ocasiões deste tipo convem receber a orientação do Senhor e nestas horas a revelação nos virá para ajudar-nos, se ouvirmos e obedecermos.


8. O oitavo propósito ou tipo de revelação consiste no Espírito impelir a pessoa a agir.


Este não se trata de um caso em que se propõe certa ação e o Espírito ou confirma ou restringe. é um caso em que vem a revelação sem ser pedida e esta revelação nos impele a fazer algo não contemplado. Este tipo de revelação, naturalmente, é menos comum que os outros tipos, mas sua raridade a faz mais expressiva.


Um exemplo disso está registrado no primeiro livro de Néfi. Antes que Néfi obtivesse os registros preciosos da tesouraria em Jerusalém, o Espírito do Senhor o mandou matar Labão quando este jazia bébado na rua. Este ato estava tão longe do coração de Néfi que ele recuou e lutou com o Espírito, mas foi ordenado de novo a matar Labão e acabou seguindo a revelação (vide 1 Néfi 4).


Quem estuda a história da Igreja se lembrará do relato de Wilford Woodruff de uma inspiração que lhe veio de noite, dizendo-lhe que afastasse a carruagem e as mulas de uma grande árvore. Ele o fez e junto com a família e os animais foi salvo quando trinta minutes mais tarde a árvore caiu por terra devido a um tornado que passou por perto.
Quando mocinha, minha avó, Chastity Olsen Harris teve uma experiência semelhante. Ela estava de babá, cuidando de umas crianças que brincavam no leito de um rio seco perto de sua casa em Castle Dale, Estado de Utah. De repente ela ouviu uma voz que a chamou pelo nome e ordenou-a a retirarem as crianças do leito do rio e subirem para a beira. Estava um dia de sol e não havia nenum sinal de chuva. Ela não via razão alguma de obedecer à voz e continuou a brincar. A voz falou-lhe outra vez com urgência.. Desta vez ela obedeceu à advertência. De súbito reuniu as crianças e correu à beira do rio temporário. Justamente no momento que chegaram à beira, uma onda enorme de água oriunda de uma chuvarada nas montanhas distantes, desceu o canyon e passou com força por onde as crianças haviam brincado. Se não fosse esta revelação impelente, ela e as crianças teriam sido perdidas.
Durante nove anos o Professor Marvin Hill e eu colaboramos no livro Carthage Conspiracy [Conspiração de Carthage], referente ao tribunal e assassinato de Joseph Smith em 1845. Tínhamos várias fontes da ata do tribunal, alguns dos manuscritos levavam o nome do escrivão e outros não. A ata mais completa não tinha firma, mas devido ao fato de tê-la achado no escritório do Historiador da Igreja, tínhamos certeza que eram da autoria de George Watt, o escrivão oficial da Igreja que foi mandado a Carthage para gravar os trâmites do processo. Por isso em sete rascunhos do livro atribuimos a autoria a ele e analizamos todas as demais fontes baseando-nos naquela suposição.
Finalmente o livro ficou pronto e dentro de poucas semanas mandaríamos o manuscrito final à editora. Ao sentar no meu gabinete na BYU num sábado à tarde, senti-me impelido a examinar o monte de livros e panfletos ainda não lidos acumulados na mesa atrás da minha escrivaninha. No fundo de uma pilha de cinqüenta a sessenta publicações encontrei um catálogo impresso relacionando o conteúdo do Museu de Wilford C. Wood, o qual o Professor LaMar Berrett, o autor, tinha-me enviado fazia um ano e meio. Ao folhear rapidamente as páginas do catálogo de manuscritos históricos da Igreja, vi uma página que descrevia o manuscrito da ata do tribunal que havíamos atruibuido a George Watt. Porém o catálogo contou que Wilford Wood comprara a ata original no Estado de Illinois e dera à Igreja a versão dactilografada que obtivemos do historiador da Igreja.
Visitamos, de imediato, o Museu Wilford Wood em Woods Cross, Utah, e obtivemos mais informações que confirmaram que aquela ata que pensávamos ser uma fonte oficial da Igreja, na verdade fora preparada por um dos advogados que defendeu o Profeta. Com este conhecimento voltamos ao escritório do Historiador da Igreja e pudemos localizer pela primeira vez a ata oficial e muito autêntica do tribunal feita por George Watt. Este descobrimento fez com que não fizéssemos um erro grave na indentificação de uma das fontes documentárias principais e por isso pudemos melhorar de modo expressivo o conteúdo do livro. A impressão que recebi naquele dia no meu escritório e um exemplo precioso da forma de o Senhor nos ajuda nas atividades justas até da nossa profissão quando somos dignos de receber as impressões de seu Espírito.


Tive outra experiência especial com a revelação impelente poucos meses depois de assumir a presidência da BYU. Como presidente novinho e inexperiente tive que analizar muitos problemas e fazer muitas decisões. Eu dependia muito do Senhor. Num dia em outubro fui de carro ao canyon de Provo para ponderar certo problema. Embora sozinho e sem interrupções não conseguia pensar no problema. Outro assunto pendente que eu não estava ainda a fim de considerar queria entrar na mente à força, o de modificar o calendário letivo da BYU para completar o semestre de outono antes do Natal.


Depois de dez a quinze minutes de não poder tirar este pensamento da mente, reconheci o que estava passando. O assunto do calendário não me parecia urgente e, portanto, eu não buscava orientação a seu respeito, porém o Espírito queria comunicar a respeito deste assunto. De imediato, focalizei a atenção nesta questão e comecei a escrever os pensamentos num papel. Dentro de poucos minutos escrevi os detalhes de um calendário letivo de três semestres e suas vantagens poderosas.
Apressando-me para voltar ao campus, discuti a proposta com os colegas e estes ficaram entusiasmados. Poucos dias depois a Junta Diretora aprovou a proposta do novo calendário e publicamos as datas bem na hora para fazê-las efetivas a partir do semestre de outono de 1972. Depois daquela época li estas palavras do Profeta Joseph Smith e reconheci que tive a experiência que ele descreveu: “Pode-se tirar grande proveito em reconhecer a primeira impressão do espírito da revelação; por exemplo, quando se sente a inteligência pura dentro de si, ela pode, de repente, revelar idéias . . . e assim, através de aprender acerca do Espírito de Deus e compreendê-lo, pode-se crescer até adquirir o princípio de revelação.”


Acabo de descrever oito propósitos, ou tipos, diferentes de revelação: 
(1) testificar, (2) profetizar, (3) consolar, (4) elevar, (5) informar, (6) restringir, (7) confirmar e (8) impelir. 
Cada um deles se refere à revelação que se recebe. Antes de concluir, apresentarei umas idéias a respeito de revelações que não se recebem.


Primeiramente, devemos entender aquilo que se chama o princípio da “responsabilidade quanto à revelação.” A casa do Nosso Pai Celestial é uma casa de ordem onde seus servos são ordenados a “agir no ofício para o qual for designado” (D&C 107:99). Este princípio se aplica à revelação. Somente o Presidente da Igreja recebe revelação para guiar a Igreja toda. Somente o presidente de estaca recebe revelação para a orientação especial de uma estaca. Quem recebe a revelação para a ala é o bispo daquela ala. Para a família é a liderança do sacerdócio da família. O líder recebe revelação para a sua área de responsabilidade. O indivíduo pode receber revelação para guiar sua própria vida.


Mas quando alguém alega ter recebido uma revelação para outra pessoa fora de sua área de responsabilidade-tal qual um membro da Igreja que alega ter recebido revelação para guiar a Igreja inteira, ou uma pessoa que alega ter recebido revelação para alguém sobre o qual não tem autoridade, conforme a ordem da Igreja-podem ter certeza que tais revelações não são do Senhor. “São sinais falsificados.” Satanás é o grande enganador e é a fonte de algumas destas revelações não verdadeiras. Outras são imaginadas.
Se a revelação ocorre fora dos limites de sua responsabilidade específica , os irmãos sabem que não é do Senhor e não são obrigados a segui-la. Sei de casos em que um homem fala para uma mulher que ela deve-se casar com ele porque ele tinha recebido uma revelação que ela seria sua companheira eterna. Se esta for revelação verdadeira, será confirmada diretamente à mulher, se ela procurar saber. Neste meio tempo ela não tem nenuma obrigação de obedecer. Ela deve procurar sua própria orientação e fazer sua própria decisão. O homem pode receber revelação para guiar suas próprias ações mas não pode, propriamente dito, receber revelação para controlar as ações dela. Ela está fora de sua jurisdição.
E que tal aquelas vezes que procuramos revelação e não a recebemos? Nem sempre recebemos inspiração ou revelação quando a pedimos. às vezes a resposta demora e às vezes o Senhor nos deixa seguir nosso próprio juízo. Não podemos forçar o espírito. Tem que ser assim. O propósito desta vida, o de obter experiência e desenvolver nossa fé, seria frustrado se Nosso Pai Celestial dirigisse todos os nossos atos, até os atos mais importantes. Devemos fazer decisões e arcar com as conseqüências a fim de desenvolvermos a auto-suficiência e a fé.


Até nas decisões que achamos muito importantes, às vezes não recebemos uma resposta a nossas orações. Isso não quer dizer que nossas orações não fossem ouvidas. Só significa que oramos a respeito de uma decisão que, por um motivo ou outro, devemos fazer sem a orientação de revelação. Talvez tenhamos pedido orientação em escolher entre alternativas que sejam igualmente aceitáveis ou igualmente inaceitáveis. Acredito que não há uma resposta certa ou errada para todas as perguntas. Para muitas perguntas só tem duas respostas erradas ou duas respostas certas. Deste jeito uma pessoa que busca orientação sobre qual dos dois caminhos ela deve seguir para vingar-se de alguém que a ofendeu provavelmente não vai receber uma revelação. Tampouco uma pessoa que procura orientação sobre uma escolha que nunca terá que fazer devido à intervenção de algum evento no futuro, tal como uma nova alternativa obviatmente mais viável. Certa vez minha esposa e eu oramos fervorosamente para receber inspiração sobre um assunto que nos parecia muito importante. A resposta não veio. Tivemos que proceder segundo nosso próprio juízo. Não pudemos imaginar por que o Senhor não tinha-nos socorrido nem com uma confirmção nem uma impressaõ refreadora. Mas dentro de pouco tempo soubemos que não era mais preciso fazer a decisão a respeito daquele assunto, pois havia surgido algo que tornou a decisão desnecessária. O Senhor não nos guiou em fazer uma escolha que já não importava.
Não é provável que venha uma resposta a quem busca orientação em escolher entre duas alternativas igualmente aceitáveis ao Senhor, pois às vezes podemos servir de forma produtiva em qualquer das duas áreas de atuação. As duas respostas estão certas. De igual modo, o Espírito do Senhor provavelmente nãos nos dará revelações acerca de assuntos triviais. Certa vez numa reunião de testemunhos ouvi uma mulher louvar a espiritualidade de seu marido, dizendo que ele apresentava todas as perguntas ao Senhor. Ela contou como ele a acompanhava ao fazer compras e nem escolheria entre duas marcas de legumes enlatados sem orar a respeito de sua escolha. Isto me parece inapropriado. Acredito que o Senhor espera que usemos a inteligência e a experiência que Ele nos deu para fazer este tipo de decisão. Quando um membro pediu conselhos ao Profeta Joseph Smith a respeito de certo assunto, o Profeta declaraou: “é uma coisa pesada indagar aos pés de Deus ou entrar na sua presença: e sentimo-nos receosos em nos aproximar dEle a respeito de assuntos de pouca importância.”


Naturalmente nem sempre podemos julgar o que é trivial e o que não é. Se o problema parece de pouca importância, devemos proceder à base de nosso próprio juízo. Se a escolha for importante, devido a motivos que desconhecemos, como o foi meu convite para fazer um discurso, a que já me referi, ou a escolha entre duas latas de legumes. Se uma das latas contiver veneno, o Senhor intervirá e dar-nos-á inspiração. Se uma escolha for fazer uma diferença muito importante em nossa vida-óbvia ou não-e se estivermos em sintonia com o Espírito e estivermos procurando orientação, podemos ter certeza que receberemos a inspiração necessária para alcançar nossa meta. O Senhor não nos deixará desamparados quando a escolha for importante para nosso bem-estar eterno.